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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Palestra Espírita "Socorro e Solução" com José Carlos de Lucca (30/11/2013)

Crianças no Além / José Marcelo Gonçalves Coelho


Sempre nos despertou grande curiosidade a sorte das crianças após a “morte”, bem como a possibilidade de intercâmbio com aqueles que tenham se despojado prematuramente de suas roupagens carnais.
Iniciando nossa explanação a respeito do tema, citemos a questão 381, de O Livro dos Espíritos, em que Kardec assim indagava:
Por morte da criança, readquire o Espírito, imediatamente, o seu precedente vigor?
Ao que responderam os Espíritos:
“Assim tem que ser, pois que se vê desembaraçado de seu invólucro corporal. Entretanto, não readquire a anterior lucidez, senão quando se tenha completamente separado daquele envoltório, isto é, quando mais nenhum laço exista entre ele e o corpo.”
Ocorre que esse desligamento será tanto mais rápido quanto mais elevado for o grau evolutivo do Espírito em questão. Vejamos alguns exemplos:
Na quarta obra basilar da Codificação, O Céu e O Inferno, publicada pela primeira vez em 1865, temos, precisamente na segunda parte, capítulo VIII, a oportunidade de analisar uma comunicação de alto teor filosófico, que revela a rápida emancipação do Espírito Marcel, desencarnado alguns meses antes, aproximadamente aos oito anos de idade, após atrozes sofrimentos que ele havia superado de maneira exemplar.
Anos mais tarde, já no Brasil, um triste episódio marcaria sensivelmente a vida do casal Francisco e Terezinha Cruañes.
Foi em tarde ensolarada, numa fazenda do interior de São Paulo, quando a pequena Fernanda Cruañes, de apenas quatro anos de idade, caía do trator em que se encontrava, vindo a desencarnar em 08 de agosto de 1981. Menos de doze meses após o ocorrido, exatamente em 30 de julho de 1982, Fernanda se manifestava através da mediunidade segura de Francisco Cândido Xavier, em comunicação reproduzida na obra Estamos no Além, solicitando aos seus pais que não se entregassem tanto ao desespero, como freqüentemente vinham fazendo, posto que todas aquelas sensações de sofrimento lhe eram integralmente transmitidas. Declarava, ainda, que sua avó Jenny, também desencarnada, conduzia-lhe as mãos durante a comunicação, pois que ela se ressentia da dificuldade de “não saber escrever”, revelando um condicionamento psíquico comumente observado na maioria dos espíritos precocemente desencarnados, sem prejuízo, porém, da consistência de sua mensagem, que acusava uma situação evolutiva satisfatória.
Também pode se dar, ainda que raramente, encontrarmos “crianças” em funções espirituais de grande relevância, conforme relatado por Rafael Ranieri em sua obra Materializações Luminosas, em que ele discorre sobre diversas reuniões de materialização de espíritos em que tomou parte, inclusive com a presença de Chico Xavier.
Naquelas memoráveis sessões, o Espírito Araci, Guia Espiritual do conceituado médium Francisco Peixoto Lins (Peixotinho), tangibilizava-se sob a aparência de uma criança de aproximadamente três anos de idade. Assim também, para sua surpresa e satisfação, descobre que a dirigente espiritual daqueles trabalhos de alta importância era exatamente sua filha Heleninha, desencarnada quando contava apenas um ano e oito meses. Por vezes, ela se apresentava na forma infantil; noutras ocasiões, mostrava-se sob aparência adotada em encarnação pregressa, demonstrando grande domínio sobre seu perispirito.
Informações igualmente preciosas nos deu André Luiz, em sua obra intitulada Entre a Terra e o Céu, psicografada por Francisco Cândido Xavier.
Conta-nos ele que, em determinado momento no plano espiritual, passa a ouvir uma suave melodia; ao se aproximar, percebe que a música era entoada por um coro de crianças felizes e sorridentes, em meio a paisagens de rara beleza. Ele se encontrava no Lar da Bênção — um misto de escola de preparação para a maternidade e abrigo para espíritos que haviam desencarnado na infância. Alguns deles, naquele exato momento, recebiam a visita de suas mães, ainda encarnadas, que para lá se deslocavam por ocasião do sono físico. André Luiz, então, fascinado com o que via, questiona se haveria ali cursos primários de alfabetização; ao que a dirigente daquele educandário responde afirmativamente, pois que se tratava de um verdadeiro estabelecimento de ensino no além, que abrigava, à época, cerca de dois mil espíritos desencarnados em tenra idade, que lá permaneciam até reunir condições para retornar ao plano físico, o que se dava, na maioria das vezes, antes que o Espírito retomasse sua compleição adulta.
Surge, então, a instigante questão do “crescimento das crianças no plano espiritual”, que estará intimamente atrelada à retomada de consciência por parte do Espírito desencarnado, o que lhe permitirá plasmar as modificações necessárias em seu corpo fluídico.
Exemplo disso encontramos novamente na obra Estamos no Além, através do relato mediúnico de Sandra Regina Camargo. desencarnada aos nove anos de idade, após ter padecido durante três anos em virtude de pertinaz leucemia. Menos de quatro anos após seu desencarne, na noite de 17 de janeiro de 1981, ela se comunicaria com seus entes queridos, através de Chico Xavier, declarando: “ saibam também que cresci. Isso aconteceu na medida de meu desejo de me fazer pessoa grande...”.
Assim também se deu com Upton, desencarnado com apenas três meses de vida. Em carta psicografada por Chico Xavier, e publicada na obra Reencontros, demonstrava ter recobrado sua maturidade espiritual em poucos anos de regresso à Vida Maior.
Há, portanto, espíritos que, tendo desencarnado na infância, em retorno ao plano espiritual reassumem em curtíssimo prazo a forma adulta que tinham antes de reencarnar, ou, ainda, outra apresentação perispiritual que lhes convenha, sempre de acordo com suas potencialidades anímicas.
Entretanto, o Espírito André Luiz, ainda na obra Entre a Terra e o Céu, nos afirma que essas são exceções, pois que a maioria dos seres que estagiam no planeta Terra necessitam de longo espaço de tempo e total amparo da Espiritualidade para se desvencilharern dos impositivos da forma infantil, a que se encontram mentalmente fixados. Ademais, são em grande número aqueles que, ao desencarnarem precocemente, adentram o plano espiritual em extremo desequilíbrio, razão pela qual são recolhidos em alas isoladas, com o fito de receberem cuidados especiais.
Certamente que a temática não se esgota neste breve estudo, todavia, desde já podemos concluir, mais uma vez, que o Espiritismo é, irrefutavelmente, o Consolador prometido por Jesus, por nos brindar com a realidade da sobrevivência da alma, notadamente em relação àqueles que retornaram às esferas espirituais quando ainda ensaiavam seus primeiros passos no mundo.
josemarcelo.coelho@bol.com.br

Bibiografia:

  • Kardec, Allan: O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76 ª edição.
  • Kardec, Allan: O Céu e o Inferno, Segunda Parte, cap. VIII, Editora FEB, 76ª edição.
  • Ranieri, Rafael R.: Materializações Luminosas, cap. IX, XIII e XXVI, Edições FEESP, 1989.
  • Xavier, Francisco Cândido (Espíritos diversas); Estamos do Além-Instituto de Difusão
  • Espírita, cap. 2 e 10, 1986.
  • Xavier, Francisco Cândido (Espíritos diversos): Reencontros-Instituto de Difusão Espírita, cap. 10,1987.
  • Xavier, Francisco Cândido (André Luiz): Evolução em Dois Mundos, Segunda Parte, cap. IV, FEB, 1991.
  • Xavier, Francisco Cândido (André Luiz): Entre a Terra e o Céu, cap. X e XI, FEB, 1991.

03-06-2012 - ANETE GUIMARÃES - REENCARNAÇÃO

sábado, 1 de novembro de 2014

Jesus ...amigo de sempre!


O Momento da Morte e o Desencarne


desencarne, morte, desencarnar, morrer, momento, passagem


Muito comum, mesmo entre os espíritas, que se faça confusão entre os termos morte e desencarne, porém os termos possuem sentidos diferentes e a compreensão deles nos ajudará a esclarecer um assunto muito importante: o que acontece com o Espírito no momento da morte do corpo? Ela é dolorosa? É igual para todos? É a todas essas perguntas que tentaremos esclarecer neste artigo.

Para ajudar a esclarecer esse assunto tão fascinante é preciso, antes de tudo, conhecermos o significado dos termos morte e desencarne para o Espiritismo.


  • A morte é o fim da vida do corpo físico, ocorre quando o corpo, natural ou forçadamente, não tem mais condições de se manter vivo.
  • O desencarne é o processo de desligamento do Espírito, e seu corpo espiritual ou perispírito, do corpo físico.



Ao reencarnar o Espírito se une ao corpo físico através de seu perispírito molécula a molécula, no desencarne esse processo é invertido e o Espírito se desligará do corpo também molécula a molécula. A esse respeito Kardec escreveu que “o fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo1. É importante ressaltar o fato de que morte e desencarne acontecem, normalmente, em momentos distintos e é isso que veremos agora com mais detalhes.

Kardec generaliza os diferentes “tipos” de desencarne quanto ao momento em que se dão e conseqüentemente quanto à facilidade ou dificuldade do processo. Os exemplos devem ser entendidos como casos extremos e, portanto, existem muitas variações entre um tipo e outro. Essa generalização foi feita em quatro grandes grupos que são:


  • “Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.


  • Se nesse momento a coesão dos dois elementos (os dois corpos espiritual e carnal) estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma.


  • Se a coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo.


  • Se após a cessação completa da vida orgânica existirem ainda numerosos pontos de contacto entre o corpo e o perispírito, a alma poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do corpo, até que o laço inteiramente se desfaça2.



Após esses oportunos esclarecimentos sobre os diferentes processos de desencarne, Kardec finaliza dizendo que “daí resulta que o sofrimento, que acompanha a morte, está subordinado à força adesiva que une o corpo ao perispírito; que tudo o que puder atenuar essa força, e acelerar a rapidez do desprendimento, torna a passagem menos penosa; e, finalmente, que, se o desprendimento se operar sem dificuldade, a alma deixará de experimentar qualquer sentimento desagradável3.

Mas então o que gera essa força “adesiva” que torna o corpo espiritual mais ligado ao corpo carnal e, por conseqüência, mais difícil e penoso o seu desligamento para o Espírito? Kardec mais uma vez vem nos esclarecer quando responde que “o estado moral da alma é a causa principal que influi sobre a maior ou menor facilidade do desligamento. A afinidade entre o corpo e o perispírito está em razão do apego do Espírito à matéria; está em seu máximo no homem cujas preocupações todas se concentram na vida e nos gozos materiais; ela é quase nula naquele cuja alma depurada está identificada por antecipação com a vida espiritual. Uma vez que a lentidão e a dificuldade da separação estão em razão do grau de depuração e de desmaterialização da alma, depende de cada um tornar essa passagem mais ou menos fácil ou penosa, agradável ou dolorosa4.

Fica agora fácil entender que os fenômenos da morte e do desligamento do Espírito em relação ao corpo (desencarne) ocorrem, de modo geral, em momentos distintos podendo ser essa diferença de tempo em horas, dias, meses e mesmo anos. O que também nos chama a atenção é o fato de depender de cada um tornar esse momento mais fácil e agradável ou mais penoso e doloroso. A vida plenamente material onde se busca tudo que a matéria oferece como gozos e posses é aquela que dará mais dificuldade ao Espírito na hora do desencarne. Aquele que vive conforme a moral do Evangelho, dando importância relativa às coisas materiais, reconhecendo seu valor, mas não vivendo em função disso e principalmente reconhecendo e aceitando os Desígnios Divinos acima de qualquer revolta, esse sim terá uma passagem tranqüila e fácil quando chegar sua hora.

Existe um outro fenômeno que possui relação direta com a moral do indivíduo e que começa a acontecer imediatamente após a morte do corpo, é o fenômeno da perturbação espiritual. Como nos esclarece Kardec a esse respeito “[...] nesse momento a alma sente um entorpecimento que paralisa, momentaneamente, as suas faculdades e neutraliza, pelo menos em parte, as sensações; está, por assim dizer, cataleptizada, de sorte que quase nunca testemunha consciente o último suspiro. [...] A perturbação pode, pois, ser considerada como estado normal no instante da morte; a sua duração é indeterminada; varia de algumas horas a alguns anos. À medida que ela se dissipa, a alma está na situação do homem que sai de um sono profundo; as idéias estão confusas, vagas e incertas; vê-se como através de um nevoeiro; pouco a pouco a visão se ilumina, a memória retorna e ela se reconhece. Mas esse despertar é bem diferente, segundo os indivíduos; nuns é calmo e proporciona uma sensação deliciosa; noutros, é cheio de terror e ansiedade, e produz o efeito de um horrível pesadelo 5.

Assim fica mais uma vez clara a importância de uma vida reta, onde impere a moral do Evangelho de Jesus e onde cada um se esforce para ser cada dia melhor que no dia anterior. Para fechar a questão trago mais uma citação de Kardec onde ele fecha o assunto com muita clareza e objetividade:


O último alento quase nunca é doloroso, uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconsciência, mas a alma sofre antes dele a desagregação da matéria, nos estertores da agonia, e, depois, as angústias da perturbação. Demo-nos pressa em afirmar que esse estado não é geral, porquanto a intensidade e duração do sofrimento estão na razão direta da afinidade existente entre corpo e perispírito. Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e prolongados serão os esforços da alma para desprender-se. Há pessoas nas quais a coesão é tão fraca que o desprendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; é como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule, e é o caso das mortes calmas, de pacífico despertar6.


Referências:
 

1.                  Kardec, Allan. O céu e o inferno. 2ª parte, cap. 1, item 4.
2.                  Idem. Ibidem, item 5.
3.                  Idem. Ibidem.
4.                  Idem. Ibidem, item 8.
5.                  Idem. Ibidem, item 6.
6.                  Idem. Ibidem, item 7.
 http://revelacao3.blogspot.com.br/2011/10/momento-da-morte-desencarne-perturbacao.html

Mortos estamos nós... Wellington Balbo – Salvador BA.

Mortos estamos nós...
Wellington Balbo – Salvador BA.

O dia de finados chega e ficamos a chorar os que partiram.
Questionamos, indagamos e tentamos saber as razões pelas quais nossos afetos vão embora, muitas vezes de forma repentina.  
A inconformação ganha espaço em nossos raciocínios porque em nossa visão quem deve ir primeiro são os mais velhos. Consideramos que o pai deve partir antes do filho.
Irmão mais velho antes do mais novo.
Quem tem 99 deve ir antes, muito antes do que aquele que tem 45. Entretanto, embora queiramos que seja assim, sabemos que não funciona assim.
É que são insondáveis os desígnios de Deus, e ignoramos as necessidades evolutivas dos seres que estão encarnados, entonces...
Entonces muita gente perde-se em pensamentos, questionamentos e reflexões deste quilate:
 - Por que se foram?
 - Coitado, tão jovem, tinha tanta vida pela frente.
 - Tanta gente malvada e justamente ele vai embora! Que injustiça!
Frases assim demonstram o desconhecimento do público em geral sobre as leis que regem a vida, sobre a reencarnação.
Reencarnamos com o bilhete de passagem de volta comprado, só não está datado, porquanto em muitos casos a data do desencarne dependerá de nossa postura aqui na Terra.
Pessoas negligentes com a saúde tendem a entrar no ônibus de retorno mais cedo.
Indivíduos que levam uma vida desregrada, arriscada, começam a tingir com as cores da imprudência o seu retorno ao plano dos espíritos.
Exatamente, morrem antes do tempo previsto!
O inverso também é real.
Pessoas que se cuidam, guardam qualidade de vida, obedecem regras tendem a viver mais tempo no corpo.
Porém, em verdade, ninguém morre.
Aqui ou no além estamos vivos.
Aliás, aqui, encarnados, estamos mais mortos do que aqueles que julgamos serem os mortos da história.
Em suma, mortos estamos nós, eles vivem.
Os que se foram não estão mortos, mas vivos. Mortos estamos nós, encarnados, limitados pelo corpo físico não conseguimos experimentar em plenitude todas as capacidades do espírito.
Eles, os que se foram, estão vivos, podendo gozar a vida sem tantas necessidades grosseiras que nos são impostas pela maquina orgânica.
Um dia, porém, nasceremos ao nos despojarmos do corpo, e enquanto um cortejo chora a nossa partida afirmando que morremos, nós constataremos felizes a certeza de que a vida continua e de que mortos estão os que ficaram, não os que partiram.
Todavia, que saiamos daqui no tempo exato, no prazo previsto para nosso desencarne, e para isso é preciso aproveitar com comedimento a vida, ou melhor, a experiência de estar encarnado.
Podemos ser os próximos passageiros a entrar no ônibus que atravessa a fronteira para o além, e que nosso nascimento seja tão feliz quanto foi a nossa morte por aqui, enquanto encarnados.
Porque eles vivem. E nós? Nós estamos “mortos”...

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

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INTERAÇÃO ESPÍRITO-MATÉRIA




O espírito Joanna de Ângelis nos fala sobre as doenças psico-somáticas e o importantíssimo papel da mente na saúde:

O ser humano é um conjunto harmônico de energias, constituído de Espírito e matéria, mente e perispírito, emoção e corpo físico, que interagem em fluxo contínuo uns sobre os outros.

Qualquer ocorrência em um deles reflete no seu correspondente, gerando, quando for uma ação perturbadora, distúrbios, que se transformam em doenças, e que, para serem retificadas, exigem renovação e reequilíbrio do fulcro onde se originaram.

Desse modo, são muitos os efeitos perniciosos no corpo causados pelos pensamentos em desalinho, pelas emoções desgovernadas, pela mente pessimista e inquieta na aparelhagem celular.

Determinadas emoções fortes - medo, cólera, agressividade, ciúme - provocam uma alta descarga de adrenalina na corrente sanguínea, graças às grândulas supra-renais. Por sua vez, essa ação emocional, reagindo no físico, nele produz aumento da taxa de açúcar, aliada a forte contração muscular, face à volumosa irrigação do sangue e sua capacidade de coagulação mais rápida.

A repetição do fenômeno provoca várias doenças, como a diabetes, artrite, hipertensão... Assim, cada enfermidade física traz um componente psíquico, emocional ou espiritual correspondente. Em razão da desarmonia entre o Espírito e a matéria, a mente e o perispírito, a emoção (os sentimentos) e o corpo, desajustam-se os núcleos de energia, facultando os processos orgânicos degenerativos provocados por vírus e bactérias, que neles se instalam.

Conscientizar-se desta realidade é despertar para a valores ocultos que, não interpretados, continuam produzindo desequilíbrios e somatizando doenças, como mecanismos degenerativos na organização somática.

Por outro lado, os impulsos primitivos do corpo, não disciplinados, provocam estados ansiosos ou depressivos, sensação de inutilidade, receios ou inquietações que se expressam ciclicamente, e que a longo prazo se transformam em neuroses, psicoses, perturbações mentais.

A harmonia entre Espírito e a matéria deve viger a favor do equilíbrio do ser, que desperta para as atribuições e finalidades elevadas da vida, dando rumo correto e edificante à sua reencarnação.

As enfermidades, sobre outro aspecto, podem ser consideradas como processos de purificação, especialmente aquelas de grande porte, as que se alongam quase que indefinidamente, tornando-se mecanismos de sublimação das energias grosseiras que constituem o ser nas suas fases iniciais da evolução.

É imprescindível um constante renascer do indivíduo, pelo renovar da sua consciência, aprofundando-se no autodescobrimento, a fim de mais seguramente identificar-se com a realidade e absorvê-la. Esse autodescobrimento faculta uma tranqüila avaliação do que ele é, e de como está, oferecendo os meios para torná-lo melhor, alcançando assim o destino que o aguarda.

De imediato, apresenta-se a necessidade de levar em conta a escala de valores existenciais, a fim de discernir quais aqueles que merecem primazia e os que são secundários, de modo a aplicar o tempo com sabedoria e conseguir resultados favoráveis na construção do futuro.

Essa seleção de objetivos dilui a ilusão - miragem perturbadora elaborada pelo ego - e estimula o emergir do Si, que rompe as camadas do inconsciente (ignorância da sua existência) para assumir o comando das suas aspirações.

Podemos dizer que o ser, a partir desse momento, passa a criar-se a si mesmo de forma lúcida, desde que, por automatismo, ele normalmente o faz através de mecanismos atávicos da Lei de evolução.

A ação do pensamento sobre o corpo é poderosa, ademais considerando-se que este último é o resultado daquele, através das tecelagens intrincadas e delicadas do perispírito (seu modelador biológico), que o elabora mediante a ação do ser espiritual, na reencarnação.

Assim sendo, as forças vivas da mente estão sempre construindo, recompondo, perturbando ou bombardeando os campos organo-genéticos responsáveis pela geração dos caracteres físicos e psicológicos, bem como sobre os núcleos celulares de onde procedem os órgãos e a preservação das formas.

Quando mais consciente o ser, mais saudáveis os seus equipamentos para o desempenho das relevantes tarefas que lhe estão reservadas. Há exceções, no entanto, que decorrem de livre opção pessoal, com finalidades específicas nas paisagens da sua evolução.

O pensamento salutar e edificante flui pela corrente sanguínea como tônus revigorante das células, passando por todas elas e mantendo-se em harmonia no ritmo das finalidades que lhes dizem respeito. O oposto também ocorre, realizando o mesmo percurso, perturbando o equilíbrio e a sua destinação.

Quando a mente elabora conflitos, ressentimentos, ódios que se prolongam, os dardos reagentes, disparados desatrelam as células dos seus automatismos degeneram, dando origem a tumores de vários tipos, especialmente cancerígenos, em razão da carga mortífera de energia que as agride.

Outras vezes, os anseios insatisfeitos dos sentimentos convergem como força destruidoras para chamar a atenção nas pessoas que preferem inspirar compaixão, esfacelando a organização celular e a respectiva mitose, facultando o surgimento de focos infecciosos resistentes a toda terapêutica, por permanecer o centro desencadeador do processo vibrando negativamente contra a saúde.

Vinganças disfarçadas voltam-se contra o organismo físico e mental daquele que as acalenta, produzindo úlceras cruéis e distonias emocionais perniciosas, que empurram o ser para estados desoladores, nos quais se refugia inconscientemente satisfeito, embora os protestos externos de perseguir sem êxito o bem-estar, o equilíbrio.

O intercâmbio de correntes vibratórias (mente-corpo, perispírito-emoções, pensamentos-matéria) é ininterrupto, atendendo aos imperativos da vontade, que os direciona conforme seus conflitos ou aspirações.

Idéias não digeridas ressurgem em processos enfermiços como mecanismos auto-purificadores; angústias cultivadas ressumam como distonias nervosas, enxaquecas, desfalecimentos, camuflando a necessidade de valorização e fuga do interesse do perdão; dispepsias, indigestões, hepatites originam-se no aconchego do ódio, da inveja, da competição malsã -geradora da ansiedade - do medo, por efeito dos mórbidos conteúdos que agridem o sistema digestivo, alterando-lhe o funcionamento.

O desamor pessoal, os complexos de inferioridade, as mágoas sustentadas pela autopiedade, as contrariedades que resultam dos temperamentos fortes de constantes atritos com o organismo, resultando em cânceres de mamas (feminino), da próstata, taquicardia, disfunções coronarianas, cardíacas, enfartos brutais...

Impetuosidade, violência, queixas sistemáticas, desejos insaciáveis respondem por derrames cerebrais, estados neuróticos, psicoses de perseguição...

O homem é o que acalenta no íntimo. Sua vida mental expressa-se na organização emocional e física, dando surgimento aos estados de equilíbrio como de desarmonia pelos quais se movimenta.

A conscientização da responsabilidade imprime-lhe destino feliz, pelo fato de poder compreender a transitoriedade do percurso carnal, com os olhos fitos na imortabilidade de onde procede, em que se encontra e para a qual ruma. Ninguém jamais sai da vida.

Adequando-se à saúde e à harmonia, o pensamento, a mente, o corpo, o perispírito, a matéria e as emoções receberão as cargas vibratórias benfazejas, favorecendo-se com a disposição para os empreendimentos idealistas, libertários e grandiosos, que podem ser conseguidos na Terra graças às dádivas da reencarnação.

Assim, portanto, cada um é o que lhe apraz e pelo que se esforça, não sendo facultado a ninguém o direito de queixas, face ao princípio de que todos os indivíduos dispõem dos mesmos recursos, das mesmas oportunidades, que empregam, segundo seu livre-arbítrio, naquilo que realmente lhes interessa e de onde retiram os proventos para sua própria sustentação.

Jesus referiu-se ao fato, sintetizando, magistralmente, a Sua receita de felicidade, no seguinte pensamento: - A cada um será dado segundo as suas obras.

Assim, portanto, como se semeia, da mesma forma se colherá.


Por Joanna de Ângelis & Divaldo Franco; Autodescobrimento (Ed. LEAL)

MÁGOA, ferida aberta da Alma


quarta-feira, 4 de junho de 2014

domingo, 1 de junho de 2014

O Mal E O Remédio

SANTO AGOSTINHO
Paris, 1863
 Vossa terra é por acaso um lugar de alegrias, um paraíso de delicias? A voz do profeta não soa ainda aos vossos ouvidos? Não clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem neste vale de dores? Vós que nele viestes viver, esperai portanto lágrimas ardentes e penas amargas, e quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores, voltai os olhos ao céu e bendizei ao Senhor, por vos ter querido provar! Oh, homens! Não reconhecereis o poder de vosso Senhor, senão quando ele curar as chagas de vosso corpo e encher os vossos dias de beatitude e de alegria? Não reconhecereis o seu amor, senão quando ele adornar vosso corpo com todas as glórias, e lhe der o seu brilho e o seu alvor? Imitai aquele que vos foi dado para exemplo. Chegado ao último degrau da abjeção e da miséria, estendido sobre um monturo, ele clamou a Deus: “Senhor! Conheci todas as alegrias da opulência, e vós me reduzistes a mais profunda miséria! Graças, graças, meu Deus, por tendes querido provar o vosso servo”! Até quando os vossos olhos só alcançarão os horizontes marcados pela morte? Quando, enfim, vossa alma quererá lançar-se além dos limites do túmulo? Mas ainda que tivésseis de sofrer uma vida inteira, que seria isso, ao lado da eternidade de glória reservada àquele que houver suportado a prova com fé, amor e resignação? Procurai, pois, a consolação para os vossos males no futuro que Deus vos prepara, e vós, os que mais sofreis, julgar-vos-eis os bem-aventurados da Terra.
Com desencarnados, quando vagáveis no espaço, escolhestes as vossas prova, porque vos consideráveis bastantes fortes para suportá-la. Por que murmurais agora? Vós que pedistes a fortuna e a glória, o fizestes para sustentar a luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de alma e corpo contra o mal moral e físico; sabíeis que quanto mais forte fosse a prova, mais gloriosa seria a vitória, e que, se saísseis triunfantes, mesmo que vossa carne fosse lançada sobre um monturo, na ocasião da morte, ela deixaria escapar uma alma esplendente de alvura, purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento.
Que remédios, pois, poderíamos dar aos que foram atingidos por obsessões cruéis e males pungentes? Um só é infalível: a fé, voltar os olhos para o céu. Se, no auge de vossos mais cruéis sofrimentos, cantardes em louvor ao Senhor, o anjo de vossa guarda vos mostrará o símbolo da salvação e o lugar que devereis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes do infinito, ante os quais se esvaem os poucos dias de sombras do presente. Não mais nos pergunteis, portanto, qual o remédio que curará tal úlcera ou tal chaga, esta tentação ou aquela prova. Lembrai-vos de que aquele que crê se fortalece com o remédio da fé, e aquele que duvida um segundo da sua eficácia é punido, na mesma hora, porque sente imediatamente as angústias pungentes da aflição.
O Senhor pôs o seu selo em todos os que crêem nele. Cristo vos disse que a fé transporta montanhas. Eu vos digo que aquele que sofre e que tiver a fé como apoio, será colocado sob a sua proteção e não sofrerá mais. Os momentos mais dolorosos serão para ele como as primeiras notas de alegria da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal maneira de seu corpo, que, enquanto este se torcer em convulsões, ela pairará nas regiões celestes, cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.
Felizes os que sofrem e choram! Que suas almas se alegrem, porque serão atendidas por Deus.

A GRAVIDEZ DE ESPÍRITOS


Numa reunião de estudos doutrinários, em nossa casa espírita, um freqüentador dirigiu-nos a seguinte pergunta: poderia ocorrer gravidez de espíritos? Ao que lhe respondemos: até onde nós sabemos não. Retrucou-nos: mas existe um livro espírita, citando-lhe o título, que fala disso. Não sabia, dissemo-lhe, entretanto, vamos procurar estudá-lo, pois não podemos emitir opinião sobre algo de que não temos conhecimento.
Fomos então buscar a informação no livro Infinitas Moradas, do qual transcreveremos uma parte. É um trecho específico do diálogo entre o Dr. Inácio Ferreira com Odilon Fernandes, ambos já na condição de espíritos desencarnados. Iniciamos com a fala de Dr. Inácio:
- Com tanta grandeza acima de nossas cabeças e nós insistindo em continuar a ver o que temos sob os pés!... Por mais me esforce, eu não entendo esse pessoal que deixa o corpo e prossegue na mesma... Não era para que, deste Outro Lado, tivéssemos hospitais, vales de expiação e nem tampouco regiões trevosas. Nem esses nossos irmãos com problemas de deformidade no corpo espiritual, ao ponto de necessitarem praticamente de um novo nascimento por aqui, com a finalidade de readquirirem a forma humana, antes de um novo mergulho na carne.
- É um tema que transcende este, Inácio, sobre o qual, infelizmente, não devemos nos aprofundar com os nossos companheiros encarnados que, a bem da verdade, ainda revelam dificuldade para aceitar a Reencarnação como ela é... Eles não entenderiam a “gravidez” perispiritual nas regiões inferiores, onde seres que padecem aberrações de forma carecem de um renascimento como recurso terapêutico. Deixemos que a semente da idéia floresça naturalmente. Se se “morre” por aqui, por que também não se renasceria?...
- Ou nasceria, não é?
- Sim, ou nasceria, pois, se os Espíritos Superiores confirmaram a Allan Kardec que em a Natureza nada dá saltos, como explicar-se, por exemplo, sem elementos de transição em nosso Plano, a primeira encarnação humana do princípio espiritual? O corpo humano não está apto a receber entidades primárias, sem que o seu organismo perispiritual tenha, antes, humanizado a forma. Os primeiros nascimentos acontecem aqui!... Mas, repito, talvez isto seja muito para a cabeça de quantos ainda não conseguiram, por si mesmos, intuir semelhantes realidade. O assunto tem gerado polêmicas, e não podemos comprometer a tarefa que, apesar dos pesares, tem produzido frutos de significativa qualidade.
- Talvez eu tenha me excedido...
(BACCELLI, 2003, pp. 59-60). (negrito nosso)
Bom, não há dúvida alguma sobre o que o companheiro nos informou a respeito de haver um livro abordando o assunto. Mas cabe-nos o dever de verificar se encontraremos apoio para isso nas obras básicas da codificação, uma vez que, como o próprio Kardec disse, a opinião de um espírito não passa apenas de uma opinião e dela não podemos assentar base para ponto doutrinário.
Inicialmente, veremos que em O Livro dos Espíritos, à pergunta de Kardec se os Espíritos tinham sexo, a resposta dos Espíritos foi: “Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.” (perg. 200, p. 134). Segundo podemos entender dessa resposta, por lhes faltar uma organização física, os espíritos não têm sexo. Se não há sexo, como haveria a relação sexual para a conseqüente fecundação do óvulo pelo espermatozóide? Além disso, onde o gameta fecundado se fixaria?
Mais à frente, quando o assunto é a evolução do princípio inteligente, especificamente no momento que ele sai do reino animal para estagiar no reino hominal, Kardec pergunta (607b) aos espíritos se o período de humanização principia na Terra. Ao que respondem que “a Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra” (p. 300).
Vindo do reino animal, obviamente, com um perispírito adequado àquele reino, ele, o princípio inteligente, não se liga a um corpo humano igual ao nosso, mas a um corpo humano muito mais próximo ao dele, adaptado às condições dos planetas primitivos. Esse corpo humano, tão próximo do dos animais, não oferece nenhuma dificuldade de adaptação a esse novo estágio evolutivo pelo qual ele passa. Certamente que isso não ocorre de um dia para o outro, mas em milhares de anos sem que haja solução de continuidade: “tudo se encadeia na Natureza”. Foi o que aconteceu aqui na Terra, quando ainda era um planeta primitivo, com os seres dos quais descendemos, que mais pareciam animais que propriamente seres humanos da forma que somos hoje. Kardec tecendo considerações sobre a hipótese da origem do corpo humano, disse que “como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência.” (A Gênese, p. 213).
Em O Céu e o Inferno, no capítulo II, da segunda parte, quando dos relatos sobre as manifestações dos Espíritos Felizes, encontramos a afirmativa de que “os Espíritos não se reproduzem” e que “os Espíritos não podem ter sexo”. Kardec, em nota explica: “Sempre disseram que os Espíritos não têm sexo, sendo este apenas necessário à reprodução dos corpos. De fato, não se reproduzindo, o sexo ser-lhes-ia inútil.” (p. 183). Assim, fica claro que os espíritos não se reproduzem, por conseguinte, não há como se falar em gravidez de espírito, que se ocorresse, aí sim, teríamos a tal gravidez perispiritual.
Novamente, encontraremos Kardec falando sobre o assunto, agora na Revista Espírita:
As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que as une nada têm de carnal, e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque são fundadas sobre uma simpatia real, e não são subordinadas às vicissitudes da matéria.
[...]
Os sexos não existem senão no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, é por isto que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Revista Espírita 1866, p. 3). (negrito nosso).
Esse último parágrafo resume tudo quanto poderíamos buscar na codificação, não precisaríamos de mais nada, entretanto, vamos continuar com a nossa pesquisa.
Vamos agora recorrer ao espírito André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, para elucidarmos ainda mais esse assunto. Cita uma situação onde será necessário recompor a forma espiritual humana, conforme podemos ler quando ele fala sobre o monodeísmo:
Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os outros desejos se lhe esmaecem no íntimo.
Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmo, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.
Em tais circunstâncias, se o monoideísmo é somente reversível através da reencarnação,...
[...]
Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide, o que ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio,... (XAVIER, 1987, pp. 90-91). (negrito nosso).
Portanto, alguns espíritos perdem a forma perispiritual humana para se transformarem em ovóides. Poderiam eles reencarnar nessas condições? Teriam a necessidade de retomar à forma humana? Enfim, o que acontecerá na presente situação? Vamos continuar recorrendo a André Luiz que, mais à frente, diz da necessidade da reencarnação, de uma forma geral:
FORMA CARNAL - Todavia, assim como o germe para desenvolver-se no ovo precisa aquecer-se ao calor da ave que o acolha maternalmente ou do ambiente térmico apropriado, no recinto da chocadeira, e assim como a semente, para liberar os princípios germinativos do vegetal gigantesco em que se converterá, não prescinde do berço tépido no solo, os Espíritos desencarnados, sequiosos de reintegração no mundo físico, necessitam do vaso genésico da mulher que com eles se harmoniza, nas linhas da afinidade e, conseqüentemente, da herança, vaso esse a que se aglutinam, mecanicamente, e onde, conforme as leis da reencarnação, operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da Natureza.
Assimilando recursos orgânicos com o auxílio da célula feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a mente elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo para os seus moldes ocultos as células físicas a se reproduzirem por cariocinese, de conformidade com a orientação que lhes é imposta, isto é, refletindo as condições em que ela, a mente desencarnada, se encontra.
Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal, novo veículo ao Espírito, que se refaz ou se reconstitui em formação recente, entretecido de células sutis, veículo este que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do túmulo. (XAVIER, 1987, pp. 91-92). (negrito nosso)
Deixa clara a questão do espírito ter que cumprir a lei da reencarnação, entrando novamente num corpo feminino, via óvulo fecundado, para seguir o curso normal do processo reencarnatório. E, em especial, para os casos dos espíritos em forma de ovóides ele diz:
Os Espíritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenômeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade, como acontece à semente, que, após desligar-se do fruto seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiencial. (XAVIER, 1987, pp. 152-153). (negrito nosso).
Assim é que, mesmo neste caso, há a necessidade da ligação do espírito em forma de ovóide com o óvulo já fecundado, sem outro procedimento a não ser a redução perispiritual. Interessante é que há para os reencarnantes, o ato de “restringimento do corpo espiritual” para ligá-lo ao óvulo. Curioso é que o processo de redução perispiritual para a reencarnação é bem semelhante ao da ovoidização por fixação mental do espírito, ainda preso a sentimentos inferiores, dos quais, parece, não querer largar mão.
Podemos ainda, para corroborar isso, trazer mais a informação ditada pelo espírito Adamastor:
A ovoidização é uma das pungentes enfermidades que pode acometer o espírito depois da morte. Consiste na perda da consciência ativa, quando o eu consciente desmorona-se completamente, em decorrência de atrozes e insuportáveis sofrimentos, voltando-se sobre si mesmo, anulando-se e perdendo todo o contato com a realidade. A atividade consciente da alma entra em letargia, refugiando-se nas camadas do subconsciente. O pensamento contínuo se fragmenta, perdendo seu fio de condução, e a estrutura perispiritual se desfigura completamente, desfazendo sua natural conformação humana, adquirindo o formato aproximado de um ovo, cujas dimensões se aproximam de um crânio infantil. O processo é em tudo semelhante ao das bactérias que se encistam diante de condições adversas de vida, aguardando novas oportunidades para retornarem à atividade normal. A ovoidização é processo incurável no plano espiritual, sendo uma das mais graves enfermidades de nosso mundo, e somente pode ser revertido em reencarnações expiatórias, quando o espírito reencontra-se com novo ambiente de manifestação e pode refazer o metabolismo do seu consciente. Várias reencarnações, porém, se consomem em tentativas frustradas, de modo que a perda evolutiva é imensa para estes infelizes seres. Muitos regridem a condições tão primárias da vida humana que necessitam reencarnar entre povos primitivos, a fim de suportar-lhes a grave patologia, sem de desfazerem em malformações congênitas incompatíveis com a biologia humana. [...] (FREIRE, 2002, p. 28). (negrito nosso).
Juntamos, também, a essa nossa pesquisa, o pensamento do escritor espírita Eurípides Khül, em seu estudo do capítulo XII – Alma e desencarnação, do livro Evolução em dois mundos. Leiamos:
5) O que são os ovóides e qual a origem de sua existência no mundo espiritual?
R - Ovóides são os espíritos que, ainda na fase primitiva da evolução, assumem a forma de ovo, após a desencarnação, em conseqüência de sua incapacidade em se adaptar à nova maneira de viver, agora no mundo espiritual. A idéia fixa, única, auto-hipnotizante, de renascer na carne, mantém o seu psiquismo ligado na vida carnal e magnetiza-lhe a mente, reprimindo outros estímulos aos órgãos do corpo espiritual, que se retraem e atrofiam, por falta de função. Voltam-se, então, esses órgãos, para a mente, onde se deixam dominar pelos pensamentos. Suas células são atrofiadas pela idéia única de retorno ao veículo físico. É um processo semelhante ao encolhimento do perispírito por ocasião da reencarnação. Enquanto perdura esta situação, o espírito perde a forma humana, assumindo a forma ovóide. O formato de ovo se explica por ser este o berço onde se dá inicio ao processo de renascimento de vários seres, inclusive do próprio homem, que tem o seu corpo físico gerado no óvulo da mãe. Daí por que a mente desses espíritos, fixados na idéia de renascerem para a vida física, plasmam a forma ovóide.
Assim permanecem até que surja nova oportunidade reencarnatória. Com o processo de reencarnação iniciado, assimilam novos recursos orgânicos, utilizando-se do auxílio de células dos pais. Sua mente passa a elaborar o novo veículo fisiológico, em moldes cuja orientação lhe é imposta. Plasma, desta maneira, nova forma carnal, novo veículo físico, para o que refaz e reconstitui o perispírito, readquirindo a forma humana.
André Luiz compara essas criaturas a algumas bactérias que, apartadas do seu meio ambiente, tornam-se incólumes ao frio e ao calor, mantendo-se imóveis por longos períodos, mas que entram em atividade tão logo sejam alocadas no ambiente que lhes seja peculiar.
6) Como é plasmada a nova forma carnal na qual o espírito reencarnante se expressará?
R - Para que se dê o processo reencarnatório que o libertará da forma ovóide, o espírito reencarnante necessita do organismo genésico da futura mãe, com a qual tem afinidade e da qual herdará características físicas, para assimilar recursos orgânicos através da célula feminina, fecundada pelo gene paterno. Sua mente, então, elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo células físicas que se reproduzem de conformidade com a orientação que lhe é imposta e refletindo o seu estado evolutivo. Plasma, assim, a nova forma carnal, que irá repercutir no perispírito, através de células sutis, promovendo alterações no corpo espiritual desde o renascimento e que irão perdurar após o túmulo.
(Fonte: http://www.cvdee.org.br/est_nltexto.asp?id=08&cap=12). (negrito nosso).
Portanto, temos aqui, pela opinião desse autor, que é necessária a reencarnação para que o espírito assuma novamente a forma perispiritual humana.
À dúvida do Dr. Inácio: “E nascem criança por aqui?...”, respondeu André Luiz: “É claro que sim,...” (BACCELLI, 2002, p. 215), não deixa dúvida de que se fala mesmo da gravidez como algo real. Entretanto, por esse estudo, concluímos que a gravidez perispiritual de espíritos, seguindo-se a idéia do que ocorre aqui na terra, não é uma possibilidade real, porquanto, são outras as leis que regem o mundo espiritual. Aliás se ela ocorresse só poderia ser mesmo a nível perispiritual, já que o corpo do espírito, na dimensão espiritual, é o perispírito. Obviamente, essa não deixa de ser também uma opinião pessoal, mas nosso objetivo não é levar o leitor a aceitá-la, apenas provocar-lhe uma reflexão sobre o assunto, de forma a encontrarmos uma solução para o problema levantado. E, que fique claro, que não estamos contra ninguém, apenas analisamos as opiniões, o que certamente, acontecerá conosco em relação ao que aqui estamos falando.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Dez/2006.
(Publicado na Revista Espiritismo & Ciência nº 51, ago/2007, pp. 28-33)
Referências Bibliográficas
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Céu e o Inferno, Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. A Gênese, Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. Revista Espírita 1866, Araras - SP: IDE, 1993.
XAVIER, F. C. Evolução em dois mundos, Rio de Janeiro: FEB, 1987.
BACCELLI, C. A. Infinitas Moradas, Uberaba – MG: LEEPP, 2003.
BACCELLI, C. A. Na próxima dimensão, Uberaba – MG: LEEPP, 2002
FREIRE, G. T. Ícaro redimido: a vida de Santos Dumont no Plano Espiritual, Belo Horizonte: Ediame, 2002.