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sexta-feira, 18 de março de 2011

Profilaxia da Alienação - Richard Simonetti



Dois pacientes conversam no manicômio:
– Sou Francisco de Assis!
– Como soube?
– Uma revelação!
– De quem?
– De Deus.
– Mentira! Nunca lhe falei nada disso!
Este é o clássico exemplo de doentes mentais afastados da realidade,em estágio num mundo de fantasia.
Distúrbios graves dessa natureza,originários de acidente circulatório,senilidade, Mal de Alzheimer e outros, situam-se por cobranças cármicas que o destino faz ao paciente e à família. É o decantado resgate de débitos pretéritos,conforme ensina a Doutrina Espírita.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo,capítulo V, item 14, Kardec faz oportuna observação, que merece nossa reflexão:
[…] é certo que a maioria dos
casos de loucura se deve à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de suportar. [...]
Interessante, leitor amigo. O Codificador considera que a loucura,na maioria dos casos, é produzida pela inconformação diante de situações difíceis, como a morte de
um ente querido, o desastre financeiro,a decepção amorosa, a doença grave,a solidão.
Se a tensão é muito grande, pela recusa em enfrentar os desafios existenciais, fervem os miolos, derrete a razão.
O mesmo ocorre com muitos recém-desencarnados.
Nas reuniões mediúnicas deparamos com entidades nessa lamentável condição. Pouco afeitos à oração e à reflexão, mente presa a situações que dizem respeito à existência física, perturbam-se e caem na alienação.
Como a dimensão espiritual é uma projeção da dimensão física,começando exatamente onde estamos,tendem a gravitar em torno de seus familiares, negócios, vícios, paixões, ambições…
Confusos e aflitos, perturbam os que lhes sofrem a influência,com sua perplexidade e indignação diante de acontecimentos para eles incompreensíveis.
– Meus filhos estão roubando minha fortuna – reclama o usurário,sem perceber que se trata de uma partilha envolvendo o inventário de seus bens.
– Minha mulher está me traindo
– reclama o esposo, sem perceber que ela está refazendo sua vida afetiva.
– Meu marido recusa-se a conversar comigo – reclama a esposa,sem perceber que o marido simplesmente não a vê.
Mente prisioneira das ilusões da Terra, têm dificuldade para encarar as realidades do Além.
Mais lamentável que a alienação mental, que atinge Espíritos encarnados e esencarnados, é a alienação existencial que lhe dá origem.
É o viver sem noção dos porquês da existência.
De onde viemos, o que estamos fazendo na Terra, para onde vamos?
Fiz certa feita uma pesquisa junto a colegas de trabalho, com destaque para a seguinte pergunta:
Qual o objetivo da Vida?
Pasme, leitor amigo! A maioria,mesmo dentre os que se diziam religiosos, não soube responder!
Agora, pergunto-lhe: como pode alguém viver de forma disciplinada,corajosa, espiritualizada,se não sabe o que veio fazer na Terra?
Por isso as pessoas desajustam-se diante das vicissitudes, ficam doentes, atribuladas, infelizes, nervosas,desembocando, não raro, nos transtornos mentais que podem culminar na alienação.
Princípios religiosos tradicionais nos dizem que nossa alma foi criada por Deus no momento da concepção e que a felicidade futura vai depender de cumprirmos o que Deus espera de nós. Num espaço de alguns decênios, decidiremos o nosso futuro para sempre.
É complicado, porque não somos todos iguais.
Não temos o mesmo caráter.
Não temos as mesmas disposições.
Não temos a mesma inteligência.
Não temos as mesmas virtudes.
Não temos a mesma compreensão.
Há gente boa e gente ruim.
Há gente inteligente e gente
obtusa.
Há gente religiosa e gente materialista.
Há gente virtuosa e gente viciosa.
Há gente altruísta e gente egoísta.
Será que Deus nos fez assim,com tão gritantes diferenças, como se tivesse criado uns para a salvação e outros para a perdição?
Tais dúvidas induzem ao amornamento da crença e, não raro, à descrença.
Por isso, habituam-se as pessoas a viver sem questionamentos,preferindo o imediatismo terrestre às cogitações celestes.
O Espiritismo nos ajuda a superar a alienação existencial, a partir da fé racional, como propõe Kardec, compromissada com a lógica e o bom senso.
Somos Espíritos imortais.
Já vivemos múltiplas existências no passado e continuaremos a viver no futuro, desdobrando experiências de aprendizado e aprimoramento.
Cada um de nós tem uma idade espiritual, e nossa personalidade, com nossas facilidades e limitações, com nossas tendências boas ou más, é o somatório de nossas
ex p e r i ê n c i a s do passado, do que fizemos.
As vicissitudes da Terra, os problemas e dissabores que enfrentamos guardam relação
também com o nosso passado.
Tanto melhor os enfrentaremos quanto maior a nossa confiança em Deus e a disposição de lutarmos contra nossas imperfeições,buscando fazer o melhor.
É o que destaca Kardec, na sequência do citado item 14, ao reportar-se ao indivíduo que enfrenta as atribulações da Terra:
[...] se encarando as coisas deste mundo da maneira por que o Espiritismo
faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras circunstâncias, evidente se torna que essa força, que o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de
abalos a razão, os quais, se não fora isso, a conturbariam.
Perfeito! Encarar os desafios do caminho, na jornada da vida, com as lentes do Espiritismo, é a melhor maneira de não tropeçarmos na alienação.
Pode parecer um exagero o receber mesmo com alegria, os reveses e as decepções...
Difícil rir na dor ou festejar na frustração.
Mas não seria essa a postura lógica de alguém que resgata uma dívida? Se chorar diante do credor,não haverá de ser pela euforia de liquidar o débito?
E se difícil nos parece chegar a tanto, diante da adversidade, que pelo menos preservemos a sanidade física e espiritual, cultivando bom ânimo.
Assim como são necessários os suplementos vitamínicos diários para suprir determinadas deficiências orgânicas, é importante, indispensável mesmo, que alimentemos nossa alma com a leitura e a reflexão em torno das ideias que Kardec,
sabiamente, desenvolve em O Evangelho segundo o Espiritismo, sob inspiração
dos mentores espirituais.
Somente assim teremos condições para, em todas as situações,conservarmos a saúde espiritual,indispensável ao perfeito aproveitamento da jornada.
http://cienciafilosofiareligiao.blogspot.com/2010/12/profilaxia-da-alienacao-richard.html

sábado, 12 de março de 2011

A LIÇAO DO RELÓGIO


A LIÇAO DO RELÓGIO

do Livro: Minutos com Chico Xavier - José Carlos De Lucca
Deus nos deu, no relógio, uma grande lição, porque os ponteiros assinalando o tempo, não caminham nunca para trás ... Chico Xavier
BACCELLI, Carlos, Chico Xavier, Mediunidade e Paz. DIDIER.

Ao despertarmos a cada manhã, recebemos um presente de Deus: o presente de um novo dia.

Que significado tem isso para nós? Um novo dia quer dizer uma nova oportunidade, um novo recomeço.

Chico Xavier nos ensina a aprender com os ponteiros do relógio que sempre caminham avante. Assim também deve ser a nossa vida.

Não podemos estacionar nas dificuldades, nas mágoas, na rebeldia, pois do contrário o relógio de nossa vida também deixa de andar e passaremos a viver em um mar de total estagnação. E a estagnação muitas vezes produz miséria, doença e ignorância.

Quando acordamos pela manhã, os ponteiros do relógio já avançaram em relação ao dia passado, convidando-nos também a avançarmos rumo ao crescimento que nos cabe em todos os setores de nossa existência.

Um novo dia é o ensejo de retomar sonhos, reiniciar projetos, restaurar amizades e afetos, experimentar novos caminhos. É Deus, cheio de esperança em nós, dizendo-nos para irmos adiante apesar do passado de sombras e amarguras, desencantos e aflições.

Aproveitemos esse recomeço para também nos renovarmos virando as páginas tristes do calendário de nossa vida. Não traga o ontem para o hoje. Entreguemos nosso coração ferido para os dias que já se foram. Para dar as boas vindas ao novo d ia é preciso se despedir do dia velho. Pense e esteja decidido a deixar no chão do tempo tudo aquilo que não pode ser mais mudado.

Hoje Deus lhe deu o presente mais valioso que você já recebeu em sua existência. Ele lhe deu o tesouro do tempo para que você o aproveite e escreva, com atitudes positivas, a sua história de felicidade. O minuto de quem chega à vitória é o mesmo minuto de quem experimenta o fracasso.

Vamos dar corda no relógio de nossa vida?
APARECIDA CONCEIÇÃO
“Deus parece estar reunindo no céu um exército dos puros de coração.
Se assim o for, Dona Aparecida é mais um grande esforço para essa infantaria do amor.
Aos 95 anos de idade ela transcende a matéria e deixa para Uberaba e para todas as almas generosas a missão de continuar sua obra.”
Estas palavras foram escritas pelo jornalista François Ramos no “Jornal da Manhã”, de Uberaba, numa das muitas homenagens prestadas a Aparecida Conceição Ferreira, que nas proximidades do Natal despediu-se da vida física. 
Dela, para as gerações futuras, ficam incontáveis exemplos de abnegação e amor ao próximo, materializados sobretudo no Hospital do Fogo Selvagem, que prossegue, sob o nome de Lar da Caridade, atendendo a portadores da doença  dermatológica pênfigo-foliáceo (o popular fogo selvagem) e a milhares de outras pessoas carentes, inclusive crianças, em diferentes projetos sociais.
Dona Cida, como era também chamada, nasceu em Igarapava (SP), no dia 19 de maio de 1917, filha de Maria Abadia de Almeida, não chegando a conhecer o pai.
Mudou-se para Uberaba em meados da década de 50, de onde viria a tornar-se uma das figuras mais queridas e respeitadas de todo o país. Sua vida, no entanto, foi sempre marcada por muitas lutas. A maior delas, e certamente a mais conhecida, é pelos doentes do pênfigo, considerada, naquela época, uma doença contagiosa, o que acirrava o preconceito e o drama de seus portadores.
Trabalhando na enfermagem do Setor de Isolamento da Santa Casa de Misericórdia, atual Hospital Escola de Uberaba, Dona Cida ficou inconformada quando soube que os pacientes teriam de deixar o hospital, sem condições de levar adiante tais tratamentos. Por isso, em 1958, tomou uma decisão que mudaria completamente sua vida: deixou o emprego para se dedicar àqueles doentes, postos na rua.
Certa de que algo precisava ser feito, e com urgência, a dedicada enfermeira não titubeou, reuniu os 12 pacientes e os levou para sua casa. Dias depois, porém, conseguiu para ela e seus tutelados um pavilhão no Asilo São Vicente, onde permaneceram por dez anos. Mas em apenas um ano o número de doentes havia quadruplicado, e Dona Cida foi buscar socorro em Chico Xavier, a partir do que também ela, que era católica, iniciou sua aproximação da Doutrina Espírita, que virou sua fé publicamente a partir de 1964.
Os esforços de Dona Cida pelos doentes do pênfigo romperam distâncias, fazendo-a conhecida em outros Estados, sobretudo por reportagens conduzidas pelo jornalista Saulo Gomes, tocado pela luta daquela humilde mulher. Mas nem por isso ela foi poupada de alguns constrangimentos.
Em São Paulo, chegou a passar oito dias presa acusada de arrecadar dinheiro sob falso pretexto, mas todos que a conheciam logo se manifestaram a seu favor e da sua obra, que em 1961 já atendia a mais de 360 pessoas com pênfigo, pessoas oriundas de várias partes do país.
Mas foi da maior metrópole brasileira que depois partiria também boa parte da ajuda para construir o seu tão sonhado hospital, que em 1962 teve sua pedra fundamental lançada, sendo inaugurado sete anos depois.
“Aos que buscam desenvolver algum trabalho, a minha mensagem é que tenham muito amor, muita sinceridade” – declarou ela, em setembro de 1999, numa entrevista para o jornal “Folha Espírita”, de São Paulo.
Aparecida Conceição Ferreira era viúva de Clarimundo Emídio Martins, com quem se casou em 1934, e tinha oito filhos, dos quais dois adotivos. Estava internada com pneumonia havia seis dias no Hospital São José. Seu passamento ocorreu em 22 de dezembro, às 9h. O corpo foi velado na Casa de Orações do Lar da Caridade, onde grande número de pessoas foi prestar-lhe a última homenagem. O sepultamento se deu às 12h no Cemitério São João Batista, em Uberaba.
Quanto ao Lar da Caridade, atende hoje a mais de 3 mil pessoas, sendo presidido por Ivone Aparecida Vieira da Silva, neta de Aparecida Conceição. A instituição desenvolve diversos trabalhos sociais e permanece de portas abertas a quem quiser conhecer o trabalho iniciado por Dona Cida.
Fica na Rua João Alfredo, 437 – Nossa Senhora da Abadia – CEP 38025-380
Uberaba, MG – telefone (34) 3318-2900.
Para saber mais sobre a vida de Dona Cida, vale consultar o biográfico “Uma vida de amor e caridade”, de Izabel Bueno, publicação da Editora Espírita Cristã Fonte Viva (www.fonteviva.com.br).
Transcrito do Boletim SEI 2173