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sábado, 12 de março de 2011

APARECIDA CONCEIÇÃO
“Deus parece estar reunindo no céu um exército dos puros de coração.
Se assim o for, Dona Aparecida é mais um grande esforço para essa infantaria do amor.
Aos 95 anos de idade ela transcende a matéria e deixa para Uberaba e para todas as almas generosas a missão de continuar sua obra.”
Estas palavras foram escritas pelo jornalista François Ramos no “Jornal da Manhã”, de Uberaba, numa das muitas homenagens prestadas a Aparecida Conceição Ferreira, que nas proximidades do Natal despediu-se da vida física. 
Dela, para as gerações futuras, ficam incontáveis exemplos de abnegação e amor ao próximo, materializados sobretudo no Hospital do Fogo Selvagem, que prossegue, sob o nome de Lar da Caridade, atendendo a portadores da doença  dermatológica pênfigo-foliáceo (o popular fogo selvagem) e a milhares de outras pessoas carentes, inclusive crianças, em diferentes projetos sociais.
Dona Cida, como era também chamada, nasceu em Igarapava (SP), no dia 19 de maio de 1917, filha de Maria Abadia de Almeida, não chegando a conhecer o pai.
Mudou-se para Uberaba em meados da década de 50, de onde viria a tornar-se uma das figuras mais queridas e respeitadas de todo o país. Sua vida, no entanto, foi sempre marcada por muitas lutas. A maior delas, e certamente a mais conhecida, é pelos doentes do pênfigo, considerada, naquela época, uma doença contagiosa, o que acirrava o preconceito e o drama de seus portadores.
Trabalhando na enfermagem do Setor de Isolamento da Santa Casa de Misericórdia, atual Hospital Escola de Uberaba, Dona Cida ficou inconformada quando soube que os pacientes teriam de deixar o hospital, sem condições de levar adiante tais tratamentos. Por isso, em 1958, tomou uma decisão que mudaria completamente sua vida: deixou o emprego para se dedicar àqueles doentes, postos na rua.
Certa de que algo precisava ser feito, e com urgência, a dedicada enfermeira não titubeou, reuniu os 12 pacientes e os levou para sua casa. Dias depois, porém, conseguiu para ela e seus tutelados um pavilhão no Asilo São Vicente, onde permaneceram por dez anos. Mas em apenas um ano o número de doentes havia quadruplicado, e Dona Cida foi buscar socorro em Chico Xavier, a partir do que também ela, que era católica, iniciou sua aproximação da Doutrina Espírita, que virou sua fé publicamente a partir de 1964.
Os esforços de Dona Cida pelos doentes do pênfigo romperam distâncias, fazendo-a conhecida em outros Estados, sobretudo por reportagens conduzidas pelo jornalista Saulo Gomes, tocado pela luta daquela humilde mulher. Mas nem por isso ela foi poupada de alguns constrangimentos.
Em São Paulo, chegou a passar oito dias presa acusada de arrecadar dinheiro sob falso pretexto, mas todos que a conheciam logo se manifestaram a seu favor e da sua obra, que em 1961 já atendia a mais de 360 pessoas com pênfigo, pessoas oriundas de várias partes do país.
Mas foi da maior metrópole brasileira que depois partiria também boa parte da ajuda para construir o seu tão sonhado hospital, que em 1962 teve sua pedra fundamental lançada, sendo inaugurado sete anos depois.
“Aos que buscam desenvolver algum trabalho, a minha mensagem é que tenham muito amor, muita sinceridade” – declarou ela, em setembro de 1999, numa entrevista para o jornal “Folha Espírita”, de São Paulo.
Aparecida Conceição Ferreira era viúva de Clarimundo Emídio Martins, com quem se casou em 1934, e tinha oito filhos, dos quais dois adotivos. Estava internada com pneumonia havia seis dias no Hospital São José. Seu passamento ocorreu em 22 de dezembro, às 9h. O corpo foi velado na Casa de Orações do Lar da Caridade, onde grande número de pessoas foi prestar-lhe a última homenagem. O sepultamento se deu às 12h no Cemitério São João Batista, em Uberaba.
Quanto ao Lar da Caridade, atende hoje a mais de 3 mil pessoas, sendo presidido por Ivone Aparecida Vieira da Silva, neta de Aparecida Conceição. A instituição desenvolve diversos trabalhos sociais e permanece de portas abertas a quem quiser conhecer o trabalho iniciado por Dona Cida.
Fica na Rua João Alfredo, 437 – Nossa Senhora da Abadia – CEP 38025-380
Uberaba, MG – telefone (34) 3318-2900.
Para saber mais sobre a vida de Dona Cida, vale consultar o biográfico “Uma vida de amor e caridade”, de Izabel Bueno, publicação da Editora Espírita Cristã Fonte Viva (www.fonteviva.com.br).
Transcrito do Boletim SEI 2173

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